Quer comprar uma LaFerrari? Saia do Brasil

Todos nós sonhamos em ter pelo menos um hipercarro na garagem, não é mesmo? É o sonho máximo gearhead. Mas até que ponto esse sonho é possível no Brasil?

O Brasil tem um dos maiores mercados automotivos do mundo, mas, como diria o velho ditado, quantidade não é sinônimo de qualidade.

Enquanto em países como a Alemanha, a BMW Serie 3 figura no rank de mais vendidos, no Brasil, a Fiat se orgulha de ter como o carro mais vendido do país o Palio Fire, um carro que mantêm praticamente o mesmo projeto desde 1996.

Mas de quem é a culpa de tudo isso? É fácil apontar o dedo para o governo, mas a verdade é uma só, a culpa é de todo mundo.

A culpa é da montadora e da concessionária que aplicam uma margem de lucro muito superior a de qualquer país, famoso custo Brasil. A culpa é do consumidor que se sujeita a pagar caro por carros mal equipados, perigosos e arcaicos. E sim, a culpa também é do governo que tributa pesado.

Tudo isso junto transforma o mercado brasileiro em uma anomalia. O que faz muitas montadoras, em especial as de luxos, não olhem com o devido carinho para o Brasil.

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É ai que voltamos aos hipercarros, nunca recebemos muitos carros de produção limitada. Não somos o público alvo. Ferrari F40? Temos uma. F50? Também uma. Enzo? Mito. Bugatti? Koenigsegg? Até pisaram nas terras tupiniquins, mas ninguém comprou.

Fabricantes como Ferrari, fazem carros extremos como a LaFerrari para mostrar ao mundo o que de melhor eles podem produzir e “presentear” seus melhores cliente com esse produto. Você não escolhe comprar uma LaFerrari, a Ferrari te escolhe para comprar uma.

É preciso ter pelo menos cinco carros especiais da marca na garagem e passar por uma verdadeira via sacra, não é atoa que eles estão no país do Vaticano, para ser escolhido. Ou seja, não basta ter dinheiro, é preciso ser alguém e bajular alguém.

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Aliás, para muitos empresários brasileiros dinheiro não realmente um problema, o Brasil tem algumas das pessoas mais ricas do mundo. O país cria cerca de 23 milionários diariamente (pelo menos antes da crise). Apesar da crendice popular, somos sim uma nação rica, com pessoas ricas. Basta observar os flagras que postamos diariamente.

Porém, ser rico no Brasil não é igual ser rico fora dele. Não temos o mesmo poder de compra. Alguém com 1 milhão de dólares no Brasil, não compra nem metade do que alguém com 1 milhão de dólares compra nos Estados Unidos. O mesmo exercício pode ser realizado com 1, 100 ou 1 bilhão de dólares, o resultado será sempre o mesmo. O brasileiro não tem poder de compra.

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O único hipercarro da geração atual a pisar em terras tupiniquins foi o 918 Spyder, vieram três unidades, as quais foram vendidas por cerca de 4 milhões de reais em 2014. Na época esse mesmo carro custava 1.9 milhões nos Estados Unidos.

Em valores atuais, com a disparada do dólar, esse mesmo carro está custando 3.3 milhões nos EUA (US$ 845.000,00), imagina a quanto chegaria no Brasil.

Por essa e por outras, muitos brasileiros que tem condições para ter essas máquinas, as tem em outros países, como Mônaco.

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Recentemente tivemos acesso a nota fiscal de compra de uma 458 Speciale que exemplifica bem o problema:

nota(optamos por censurar o restante da nota para proteger o proprietário)

O modelo custa nos Estados Unidos, já incluso o lucro da fabricante, da concessionário e do vendedor, aproximadamente US$ 240 mil (950 mil reais).

No Brasil, o carro custa R$ 2.400.000,00, sendo que, R$ 480.000,00 são impostos. Alto certo? Claro que é, o valor é absurdo. Mas ainda sobraram 1.9 milhões nessa etiqueta. Apresento a vocês o famoso Custo Brasil.

Na terra do Tio Sam com menos de um milhão de reais, a marca, a concessionário e vendedor tiveram um bom lucro. No Brasil ter o mesmo lucro que os americanos não é o suficiente, é preciso tirar o máximo possível, é preciso triplicar, quadruplicar o investimento em cada carro. “E se questionarem?” É só colocar a culpa nos impostos.

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Por isso, se você sonha em ter um desses carros exclusivíssimos, de edição limitada, minha dica para você é a seguinte: Saia do Brasil.

O Brasil é muito cruel com os gearheads, eles querem que a gente compre e consuma, mas somente depois de nos assistir ser assaltado pelo governo e pelo mercado.

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